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A SEXUALIDADE DA MULHER MADURA NA OBRA “A OBSCENA SENHORA D” DE HILDA HILST


Enviado por   •  12 de Septiembre de 2018  •  Reseñas  •  2.909 Palabras (12 Páginas)  •  247 Visitas

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A SEXUALIDADE DA MULHER MADURA NA OBRA “A OBSCENA SENHORA D” DE HILDA HILST

 

Déborah Letícia Ferreira de Sousa; Roberto Barbosa de Sousa

 

Introdução

 

           Este artigo tem como base a obra A obscena senhora D, da autora pós-contemporânea Hilda Hilst, onde analisa a logicidade e o erotismo, analisados sob a perspectiva de gênero. Levando à reflexão o processo de empoderamento da mulher em estado maduro e as interferências e/ou visão da sociedade patriarcal na sua liberdade individual. O artigo será dividido em três capítulos, nos quais nos deteremos sobre diferentes aspectos teóricos e sua relação para com a obra em questão. Para isso, discutiremos conceitos propostos por alguns teóricos, tais como Butler (1990) e Beauvoir (1967) e a aplicação destes à nossa análise, uma vez que toda a narrativa tem como foco a representação do feminino, no papel da personagem Hillé.  

           A seção 1, A figura da mulher hoje em dia em relação à figura dA Obscena Senhora D e como a sociedade a rejeita, tendo como ponto de partida as suas atitudes consideradas avançadas para sua época e a busca pelos direitos iguais. A seção 2, A visão da sociedade enquanto a liberdade sexual da mulher madura, propõe uma reflexão acerca do impacto sofrido pela obra na época de publicação e os motivos que geraram tais impactos. A seção 3, A escandalização da sociedade e a ideia de uma mulher madura empoderada, propõe uma reflexão sobre as formas de expressão da mulher da meia/terceira idade na sociedade e como o corpo social se escandaliza com o comportamento da mulher madura empoderada. O porquê da repressão enquanto a sexualidade feminina e o contínuo tabu em relação à mulher madura empoderada. O principal aspecto teórico quiçá seja a experiência vivida pelas mulheres maduras. Tendo como metodologia a pesquisa bibliográfica do livro “A obscena senhora D”.

           Ao longo deste artigo, apresentaremos nossas interpretações e análises da obra que compõe o escopo sempre referenciando ideias das quais leva à reflexão acerca do processo de empoderamento das mulheres, a partir da reflexão a respeito da sexualidade da mulher madura e como ela vem impondo-se perante a sociedade, inclusive, no século XXI; e sobre a repressão enquanto a sexualidade feminina em estado maduro com as interferências e/ou visão da sociedade patriarcal na sua liberdade individual.

1 A figura da mulher hoje em dia em relação à figura d’A obscena senhora D e como a sociedade a rejeita

 

           A figura feminina sempre foi pré-moldada por boa parte dos leitores, e não é de hoje que escritores como Hilda Hilst tentam romper está barreira de pensamentos arcaicos em relação à mulher, que também pode ser independente, ter desejos e prazeres, e simplesmente viver quem ela é. A busca da mulher moderna pela igualdade de gêneros e direitos na sociedade segue a todo vapor. E, mesmo com suas conquistas é verdade que a própria sociedade continua privando a mulher de formas rígidas, mas estes atos não as têm feito parar. Vamos analisar o feminismo na atualidade através do livro de Hilda Hilst, A Obscena Senhora D, que mesmo tendo sido escrito na década de 70 traz fortes reflexões quanto à liberdade e independência da mulher moderna.

         A sociedade através pensamentos patriarcais sempre oprimiu a mulher inferiorizando-a e o homem sempre era e ainda é colocado na posição superior de capacidades físicas e intelectuais, no entanto, mulheres corajosas e dispostas a assumirem sua posição na sociedade estão na luta para mudar este quadro e têm conseguido, mas isso não quer dizer que não haja mais rejeição. No livro de Hilda o próprio título da narrativa é bem simbólico haja vista a descrição do mesmo pela autora “[...] daqui por diante te chamo A Senhora D. D de derrelição, ouviu? Desamparo, Abandono, [...]” (Hilst, 2001, p.17) pois bem, por vezes ainda é assim que a sociedade coloca a mulher, desamparada, abandonada por essa hierarquia do sexo. Mesmo com tudo isso que a mulher moderna ainda passa, ela não parou, continua a buscar cada dia mais seus direitos e reconhecimento perante a sociedade. Ela quer autonomia sobre si, vivendo de forma livre sem um rótulo de “sexo frágil”.

          Boa parte da sociedade ainda não entende essa mulher moderna quando “foge do padrão” tendo liberdade sexual, profissional, seguindo carreiras que tipicamente a figura masculina domina. Muitas vezes quando isto acontece esta mulher é atacada e rejeitada por se opor aquilo que para muitos é “normal” a figura feminina. “[...] ai ai senhora D não faz assim agora, isso é coisa de mulher desavergonhada, aí que é isso madona, tá mostrando as vergonhas pra mim […]” (HILST, 2001, p. 28), a rejeição e o preconceito do que foge do “padrão” praticado desde a antiguidade tem sido vencido graças a personagens como Hillé, que fogem desse padrão e que vivem seu corpo e aquilo que acreditam, mesmo que sejam vistas ou denominadas como “desavergonhadas”. Mesmo a mulher se desprendendo do padrão para viver a liberdade; a sociedade tenta “trazê-la de volta para o bem de todos.”

É neste momento que está mulher se deparar com rejeição social por não a compreender. “[...] Senhora D. o mal não foi criado, fez-se, arde como ferro em brasa, e quando quer esfria, é gelado, neve, tem muitas máscaras, por sinal, não gostaria de se desfazer das suas, e trazer a paz de volta a vizinhança?” (Hilst, 2001, p. 31).O ser diferente muitas vezes é visto como o mal. O desconforto e a insatisfação social ainda estão presentes na vida dessa mulher que assumiu buscar sua liberdade e vive-la de forma que plena. Uma boa parte da sociedade ainda não tem aceitado que está mulher madura viva livre de várias formas, como pro exemplo no que diz respeito a sexualidade que vamos tratar na próxima sessão.

 

2 A visão da sociedade enquanto a liberdade sexual da mulher madura

         A visão de boa parte da sociedade quando se pensa em uma mulher madura, mesmo atualmente, segue conservando-se uma visão engessada a respeito de sua sexualidade e características. Em que comumente associa-se a imagem da mulher madura a um estereótipo, caseira, do lar, "a avó", de um ser que já não externa seus desejos sexuais, pois está em seu momento de "repouso". À medida que o homem maduro se detém em externar seus mais ínfimos desejos sexuais, por mais devassos que sejam. Sendo ovacionado pela sociedade que o venera e o aplaude.

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