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Exu Preconceito E Práticas Educacionais


Enviado por   •  17 de Septiembre de 2013  •  2.227 Palabras (9 Páginas)  •  202 Visitas

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EXU, PRECONCEITO E PRÁTICAS EDUCACIONAIS

Anderson Maia

Marcus Hübner

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (BID 0179) –Prática Módulo I

25/11/2011

RESUMO

O presente artigo visa contribuir para a desmistificação da divindade e entidade Exu do panteão umbandista evitando assim equívocos e perseguições em ambiente escolar como será demonstrado ao longo do texto. Bem como dentro do espírito das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 apresentar sugestões de como trabalhar em sala de aula com temas ligados a cultura religiosa afro-brasileira, a qual não pode ser vista como item separado das demais contribuições das etnias africanas na formação do povo e nação brasileira.

Palavras-chave: Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. Exu. Educação.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo é parte integrante do projeto que constitui a pratica do semestre 2011/2 que versa sobre a Lei 10.639/2003, que institui a o ensino da historia e por conseguinte da cultura africana e afro-brasileira como conteúdos obrigatórios do currículo. Ele trata da parte final do projeto “Umbanda esta desconhecida” onde serão tratados os assuntos exu e sua demonização e por fim tratara de sugestões de praticas educacionais relacionadas ao tema do projeto.

2 QUEM SÃO OS EXUS E AS POMBAJIRAS?

Os Exus e sua contraparte feminina as Pombajiras são comumente considerados dentro do panteão umbandista como entidades espirituais com duplo papel a primeira e mais citada entre os fiéis e sacerdotes é a de guardiões do templo e dos adeptos. Já a segunda é como mensageiros tanto dos orixás como de outras entidades espirituais tidas como de hierarquia espiritual superior, em especial os caboclos e preto-velhos. Em suas funções agem de forma semelhante ao conhecido anjo de guarda cristão, protegendo tanto o umbandista como o templo de Umbanda contra os mais variados problemas, sejam eles de ordem material como assaltos, roubos e acidentes, de ordem espiritual, como por exemplo defendendo contra o famoso “olho grande”. E por ultimo resguardando e alertando contra as dificuldades de ordem moral, trazendo instruções das hierarquias espirituais superiores que ajudam o fiel ou a comunidade do templo a lidar com os vários dilemas éticos cotidianos. Como comenta Almeida (p.62, 2004) fazem isto de maneira alegre e calorosa quando estão manifestados em seus médiuns pelo fenômeno do transe, de forma que o umbandista acaba por se afinizar mais com eles e os tem como bons amigos que os protegem e aconselham.

Porém sua função vai além da atribuída ao anjo de guarda cristão, que age normalmente como mantenedor do status quo sócio-politico, já Exu ,bem como a Pombajira, atua ainda como “transformador [...] é aquele que tem o poder de quebrar a tradição, pôr as regras em questão, romper a norma e promover a mudança.” (PRANDI,2001,p.51). Ou como nas palavras de Rivas Neto (2010), reitor da Faculdade de Teologia Umbandista, Exu é o Político Revolucionário.

3 A DEMONIZAÇÃO DE EXU

Esta divindade de grande importância dentro do sistema cultural afro-brasileiro, acabou passando pelo recorrente processo cristão de demonizar os deuses de outras culturas. Assim como aconteceu com Jurupari tupi-guarani, que de herói civilizador nascido de uma virgem, passou a ser o sinônimo do diabo cristão pelas mãos da catequese jesuíta.

Prandi (2001, p.47) comentando como era visto Exu no século XIX cita o mais célebre dos estudiosos da época, padre Baudin que em 1884 assim definiu este orixá como “O chefe de todos os gênios maléficos, o pior deles e o mais temido, é Exu, palavra que significa o rejeitado; também chamado Elegbá ou Elegbara, o forte, ou ainda Ogongo Ogó, o gênio do bastão nodoso.”.

Bastão este que possui o formato de um pênis, posto que dentre as varias atribuições originais do orixá Exu a procriação e em especial o ato reprodutivo de todas as coisas é uma elas, daí o formato típico de seu cetro de poder.

Prandi após referenciar e relatar as descrições no que tange a divindade Exu, não apenas de padre Baudin mas de outros autores colonialistas que estudaram a religião yorubá e jeje, conclui:

Príapo e Demônio, as duas qualidades de Exu para os cristãos. Já está lá, nesse texto católico de 1884, o binômio pecaminoso impingido a Exu no seu confronto com o Ocidente: sexo e pecado, luxúria e danação, fornicação e maldade.

Nunca mais Exu se livraria da imputação dessa dupla pecha, condenado a ser o orixá mais incompreendido e caluniado do panteão afro-brasileiro, como bem lembraram Roger Bastide, que, na década de 1950, se referiu a Exu como essa ‘divindade caluniada’ (Bastide, 1978: 175), e Juana Elbein dos Santos, praticamente a primeira pesquisadora no Brasil a se interessar pela recuperação dos atributos originais africanos de Exu (Santos, 1976: 130 e segs), atributos que foram no Brasil amplamente encobertos pelas características que lhe foram impostas pelas reinterpretações católicas na formação do modelo sincrético que gabaritou a religião dos orixás no Brasil. [...]A maldição imposta a Exu na África por missionários e viajantes cristãos desde o século XVIII foi sendo completada no Brasil nos séculos XIX e XX.(Ibid.,p.49)

E que desde meados da década de 80 tem sido, completa Prandi (Ibid., p.63), solidificada por religiões opositoras das afro-brasileiras, especialmente as evangélicas, que usando do rádio e da televisão como formas de promoção religiosa, transformaram a figura de Exu na de Diabo nacional.

Tal propaganda preconceituosa e intolerante, mesmo sob a vigência da lei 10.639/2003, já produziu muitos frutos negativos. Sendo um dos casos mais notórios o ocorrido em uma escola do município de Macaé no estado do Rio de Janeiro, como se pode ver em trechos da matéria feito pelo jornal O Dia em sua edição on line:

As aulas de Literatura Brasileira sobre o livro "Lendas de Exu", de Adilson Martins, se transformaram em batalha religiosa, travada dentro de uma escola pública. A professora Maria Cristina Marques, 48 anos, conta que foi proibida de dar aulas após usar a obra, recomendada pelo Ministério da Educação (MEC). Ela entrou com notícia-crime no Ministério Público, por se sentir vítima de intolerância religiosa. Maria é umbandista e a diretora da escola, evangélica.[...] A polêmica arde na Escola Municipal Pedro Adami, em Macaé, a 192 km do Rio, onde Maria Cristina dá aulas de Literatura Brasileira e Redação. A Secretaria de Educação de lá abriu sindicância e, como

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