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Palhaços mímicos


Enviado por   •  15 de Diciembre de 2013  •  Ensayos  •  1.076 Palabras (5 Páginas)  •  245 Visitas

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Palhaços mímicos simulam jogar tênis em uma quadra com uma bola imaginária. Jogo se acirra e um dos palhaços lança a bola para fora da quadra. A bola imaginária cai ao lado de um homem que observa o jogo simulado. Ele, hesitante em participar dessa aparente loucura, pega a bola e joga para a quadra. Ouve-se o som da bola cair. Essa cena faz parte da grande obra Blow Up (1966) do diretor de cinema italiano, Michelangelo Antonioni. O filme é uma adaptação do conto As Babas do Diablo (1959), do escritor argentino Julio Cortazar. A importância dessa cena não se restringe ao seu inusitado ou criatividade do diretor, mas as questões que levanta em todo película. A questão principal levantada neste filme é a simulação (simulacro).

O filme conta a história de fotógrafo de moda que prepara um livro de imagens sobre a Londres dos anos 60 do século 20. O conflito principal começa quando o fotografa mulher jovem beijando um homem em um parque. Ela segue percebe que foi fotografada e segue o fotógrafo até sua casa. Para conseguir as fotos, oferece seu corpo em troca, mas recebe um filme vazio. A preocupação da mulher em recuperar as fotos intriga o fotógrafo. Com isso, resolve ampliar e percebe na feição angustiada da mulher que algo está errado. Com mais uma ampliação, descobre alguém escondido nos arbustos com uma pistola. Acredita que conseguiu evitar um assassinato. Volta ao parque e descobre um cadáver, mas percebe que se esqueceu de levar sua câmera fotográfica, impedindo-o de registrar o fato. No dia seguinte, volta ao local e descobre que o cadáver havia desaparecido.

Antonioni, seguindo os passos de Cortázar, levanta ainda a questão da imagem, a ampliação, como forma de averiguar a realidade. No filme a imagem permite descobrir a realidade, concomitantemente ilude ao fazê-lo crê que se evitou um crime. Além disso, atesta o poder da imagem como forma de sustentação da realidade quando ao chegar ao parque o fotógrafo se esquecera da câmera e sem fotos não há crime, não há realidade, pois ao retornar o corpo já não está mais lá. Observamos a necessidade do suporte imagístico, da câmera, do aparato, para sustentação da própria memória do personagem. Ele e o espectador duvidam se realmente ocorreu um crime.

Blow Up antecipa um problema da modernidade. No mundo moderno, as aparências se tornam cheias de conteúdo, e a significância dos símbolos substitui a experiência de realidade por um simulacro. Mas o que consiste o simulacro? Para compreendermos o que significa simulacro, temos como referência a obra de Simulacros e Simulação de Jean Baudrillard. Para Baudrillard, a sociedade atual substituiu toda a realidade e significados por símbolos e signos, tornando a experiência humana uma simulação da realidade.

Segundo o autor, os modelos de nossa geração não têm origem na realidade da materialidade das relações humanas, mas em um hiper-real. A imagem perdeu o referente, não há co-extensividade entre real e conceito. A simulação constrói ‘um real partir de miniaturas, de matrizes e de memórias de comando – e pode ser reproduzido um número infinito de vezes’, ou seja, o simulacro é construído a partir de fragmentos ou miniaturas da realidade que

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