Lixo Eletronico
cris_richter28 de Octubre de 2014
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LIXO ELETRÔNICO: CONSCIÊNCIA DAS EMPRESAS DE MANUTENÇÃO ELETRÔNICA DAS CIDADES DE GARIBALDI, CARLOS BARBOSA E BENTO GONÇALVES ACERCA DA RECICLAGEM E DESCARTE
CRISTIANO RICHTER DA SILVA
GUILHERME DE SOUZA BALBINOT
MARCELO NUNES
RICARDO PEREIRA VIECELI
1 RESUMO
O descarte consciente em prol da sustentabilidade proporciona melhorias na vida do homem, no entanto, é um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta hoje e tem gerado grandes ameaças, por não ter soluções eficazes acerca do seu destino. Além disso, a falta de informação da população desencadeia um agravante ambiental sem precedentes na história.
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa realizada nas cidades de Garibaldi, Carlos Barbosa e Bento Gonçalves com empresas prestadoras de serviços eletrônicos a fim de identificar a percepção das mesmas acerca da destinação do lixo eletrônico produzido por elas e principalmente pelos seus clientes. Foram identificadas no mercado algumas eletrônicas nas cidades mencionadas e entrevistadas três dessas, uma em cada cidade, durante os meses de abril e maio de 2013.
2 INTRODUÇÃO
A população mundial, incentivada pelo capitalismo, é “bombardeada” e está exposta a propagandas que motivam o consumo exagerado, mesmo sem a necessidade do mesmo. Sendo assim, todos os dias, milhares de aparelhos eletrônicos que se tornam obsoletos são substituídos. Isso tudo ocorre devido ao surgimento de novas tecnologias nos aparelhos e equipamentos eletrônicos,
cada vez de forma mais rápida, num processo planejado pelas empresas que faz com que o consumidor se sinta obrigado a substituí-lo, na maioria das vezes ainda funcionando, ajudando assim na proliferação e aumento do lixo eletrônico.
Segundo Siqueira e Moraes (2009), desde a Antiguidade, já existia o temor de que as condições ambientais pudessem provocar efeitos nocivos na saúde. A falta de fiscalização das políticas de logística reversa na doação e/ou da reciclagem do lixo eletrônico pode alavancar o desequilíbrio ambiental. Isto ocorre, porque existem diversos tipos de metais e componentes químicos inseridos no lixo eletrônico, tornando-o mais poluente que o lixo comum, o que aumenta a possibilidade de danos maiores ao meio ambiente.
A cultura de consumo evolui numa movimentação de mercado, que busca a geração de lucros crescentes, causando assim um impacto na economia que precisa, constantemente, de mais produção e mais consumo (SIQUEIRA E MORAES, 2009). Essa expansão do consumo, que na relação das pessoas com os objetos aparece de maneira ativa, junto com a coletividade e com o nosso planeta constitui a base de nosso sistema cultural (CAVALCANTI E CAVALCANTI, 1994; WALDMAN, 1997).
O problema ambiental gerado pelo lixo é de difícil solução e a maioria das cidades do nosso Brasil apresenta um serviço de coleta que não prevê a segregação dos resíduos na fonte (MUCELIN E BELLINI, 2008). É muito comum nessas cidades, observar hábitos de descarte inadequados e inapropriados para este tipo
de lixo. São milhares de materiais sem utilidade que se amontoam de forma desordenada e indiscriminada, em locais indevidos como fundos de vale, lotes baldios, margens de lagos e rios e margens de estradas. Considerando as inquietações da sociedade moderna e os grandes desafios frente as pesquisas ambientais e seus efeitos na saúde das populações, este artigo tem como objetivo buscar informações acerca da destinação do lixo eletrônico produzido pelas empresas prestadoras de serviços de manutenção de eletrônicos nas cidades de Garibaldi, Carlos Barbosa e Bento Gonçalves.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Este referencial tem por objetivo analisar as contribuições teóricas que serão utilizadas para a estruturação deste estudo. Neste sentido, ele está dividido em quatro seções.
Na primeira seção serão discutidos assuntos relevantes sobre o desenvolvimento sustentável, explicando quais são as principais características desse tema. Partindo para a segunda seção, será exposto o que é o lixo eletrônico em si e também como ele pode prejudicar a população e o meio ambiente como um todo. Na terceira seção é analisado o processo de decisão de compra do consumidor, demonstrando o que realmente acontece antes, durante e depois de alguma compra realizada pelo consumidor. E na quarta e última seção do referencial teórico, será possível entender como funciona a última fase do processo decisório do consumidor, o descarte, explanando comportamentos e possíveis evoluções das empresas para com o
consumidor na questão ambiental nas decisões de marketing.
3.1 Desenvolvimento Sustentável
Segundo Valle (2002), “desenvolvimento sustentável significa atender às necessidades da geração atual sem comprometer o direito de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades”.
O autor diz, em seu texto, que o primeiro conceito é o de necessidade, que pode variar de sociedade para sociedade. O segundo conceito é o de limitação, que reconhece a necessidade de a tecnologia desenvolver soluções que conservem os recursos limitados atualmente disponíveis e que podem ser renováveis.
Para Valle (2002, p. 29), “O desenvolvimento sustentável deve, portanto, assegurar as necessidades econômicas, sociais e ambientais, sem comprometer o futuro de nenhuma delas”. Para o autor, a poluição industrial é uma forma de desperdício e um indício da ineficiência dos processos produtivos utilizados. Acrescenta que os resíduos industriais representam, na maioria dos casos, perdas de matérias-primas e de insumos.
Para Valle (2002), o consumo sustentável deve basear-se na utilização de produtos e serviços que atendam às necessidades básicas da geração presente; que proporcionem uma melhor qualidade de vida; minimizem o uso de substancias e materiais tóxicos na elaboração do produto ou prestação de serviço e minimizem a geração de resíduos e poluentes durante o ciclo de vida do produto e do serviço. Outras ações também podem ser tomadas para contribuir provendo um melhor equilíbrio no consumo, tais como a
revisão de projetos e respectivas embalagens; revisão de técnicas e dos processos de produção; racionalização do transporte e na distribuição de produtos e serviços; estímulo ao uso múltiplo de produtos e serviços; introdução de novos hábitos de consumo, entre outros.
Todas essas atitudes e ações, não podem prejudicar o desenvolvimento do consumo sustentável e nem mesmo as atividades produtivas, principalmente a industrial, pois muitas das necessidades humanas estão intrinsecamente ligadas aos meios de atendimento industrial, em razão dos elevados volumes consumidos pelos consumidores.
Segundo Valle (2002, p. 31), “O aumento populacional agrava a dependência do ser humano por produtos industrializados. Mesmo os bens provenientes da atividade agrícola, requerem hoje a contribuição da indústria, pelo fornecimento de maquinário, fertilizantes e produtos agroquímicos”. Por isso, não se pode culpar à indústria todo o ônus da poluição gerada pelas atividades produtivas.
É necessário, portanto, internalizar os custos ambientais nos custos dos produtos e serviços, mas ao mesmo tempo compensar, mediante uma adequada gestão ambiental, esses acréscimos pela ecoeficiência e racionalização da produção.
Nesse sentido, Valle (2002) comenta que, para a correta compreensão da questão ambiental é importante conhecer duas atitudes e posturas que dividem, filosoficamente, os que se preocupam com o meio ambiente, ou seja, a conservação e a preservação ambiental.
Para Maximiano (2007), o
desenvolvimento sustentável ultrapassa a simples preservação dos recursos da natureza. Trata-se de um processo participativo que cria e almeja uma visão de comunidade que respeita e usa com prudência todos os recursos – naturais, humanos, feitos pelas pessoas, sociais, culturais, científicos, e assim por diante.
Portanto, a sustentabilidade procura garantir, ao máximo possível, que as gerações atuais tenham elevado grau de segurança econômica e possam ter democracia e participação popular no controle das comunidades.
Paralelamente, as gerações atuais devem manter a integridade dos sistemas ecológicos dos quais dependem toda a vida e produção. Devem também assumir responsabilidades em relação às gerações futuras, para deixar-lhes a mesma visão.
Segundo Maximiano (2007), o conceito de desenvolvimento sustentável baseia-se no entendimento de que os problemas do planeta são interdependentes e sistêmicos, são inseparáveis e se algo estiver fora, certamente outra esfera será afetada, desencadeando uma sucessão de problemas.
De acordo com Maximiano (2007), o Instituto de Recursos Mundiais diz que um país não poderá alcançar seus objetivos econômicos se não respeitar objetivos sociais e ambientais – como educação e oportunidade de emprego para todos, saúde e assistência à maternidade para todos, distribuição igualitária de recursos, população estáveis e uma base sustentável de recursos naturais.
No entanto, a ênfase na ecologia, sem providências para amenizar a pobreza, estabilizar a população e
redistribuir a riqueza, somente conseguirá resultados medíocres.
3.2 Lixo eletrônico
O Lixo eletrônico, e-sucata, ou resíduos de equipamentos eletroeletrônicos consiste em dispositivos eletroeletrônicos descartados. Há uma falta de consenso sobre se o termo deve ser aplicado
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