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MARX.

MargaritaRussianInforme24 de Octubre de 2013

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O pensamento de José Carlos Mariátegui constitui referência

obrigatória para pensar Marx nas Américas – Indígena e Latina. Tratase

do “mais importante e inventivo dos marxistas latino-americanos”

além de ser “também um pensador cuja obra, por sua força e

originalidade, tem um significado universal” (LÖWY, 2005, p.7).

Propõe-se, nesse artigo, pensar sua obra no contexto de um

encontro entre Marx e a América Indígena. Esta se situa aquém da

América Latina – por ser uma visão desta – e além, pois a antecede no

tempo e a extrapola no espaço (PERRONE-MOISÉS, 2006). Ou seja,

trabalha-se aqui a obra de Mariátegui no sentido em que ele faz dialogar

Marx com o fundo cultural comum pan-americano.

Mariátegui propôs a idéia de um socialismo indo-americano e o

fez em interlocução com lutas e pensamentos indígenas e indigenistas

de sua época. O presente artigo intenta pensar isso com auxílio de certa

antropologia e inspiração numa série de lutas em curso nas Américas.

Busca-se, assim, analisar a rica contribuição mariateguiana ao

pensamento social e político estudando, num primeiro momento, sua

singularidade, num segundo momento, suas fontes, em seguida, certos

limites, para, por fim, intentar pensá-lo em diálogo com as práticas,

memórias e lutas indígenas (com mediação etnológica).

Singularidade do pensamento de José Carlos Mariátegui

Mariátegui ocupa uma posição singular no âmbito do marxismo

latino-americano. Sua originalidade se situa na questão indígena e sua

principal obra, Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana, busca

combinar os instrumentos analíticos de Marx com as influências

endógenas indo-americanas.

Se o pecado original do Peru foi o de nascer contra os índios, o

projeto socialista não podia ignorar a realidade de um país agrário, onde

o índio era o agricultor tradicional e representava três quartos da

população; “o índio é o alicerce da nossa nacionalidade em formação.

(...) Sem o índio, não há peruanidade possível” (MARIATEGUI, 2005, p.

87).

cadernos cemarx, nº 6 - 2009 | 99

Este defendia não ignorar nem a realidade nacional nem a

mundial, ao colocar que “o socialismo, afinal, está na tradição americana.

A mais avançada organização comunista primitiva que a história registra

é a inca” (MARIATEGUI, 2005, p. 120), traçando, assim, uma “estratégia

política que situava nas comunidades indígenas o ponto de partida para

uma via socialista própria aos países indo-americanos” (LÖWY, 2005,

p. 22).

Tal perspectiva inspira-se no comunismo agrário inca, onde a

propriedade e usufrutos da terra eram coletivos, alicerçados no espírito

coletivista indígena e em suas tradições comunitárias. O ayllu – a

comunidade – sobreviveu mesmo à economia colonial e ao gamonalismo.

Tal regime de propriedade sendo um dos maiores entraves para o

desenvolvimento do Peru, a solução estaria nos ayllu, tendo em vista

que durante o Império dos incas, havia bem-estar material e uma

“formidável máquina de produção” (MARIÁTEGUI, 2008, p. 34).

Isto se relaciona com sua posição no seio do debate marxista latinoamericano.

Segundo Löwy (2003), o marxismo latino-americano foi

tentado por duas vias opostas.

De um lado, o excepcionalismo indo-americano, representado pela

APRA (Aliança Popular Revolucionária Americana) de Haya de la Torre.

Esta defendia a existência de um espaço-tempo indo-americano distinto

do europeu. Sendo assim, o marxismo

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