Serviço Social E Prática Reflexiva

Prática reflexiva é considerada por Ana Maria Vasconcelos em seu texto “Serviço Social e Prática Reflexiva” como a prática dos profissionais/intelectuais que detém conhecimento sobre a população objeto de seu trabalho e como ela está inserida na realidade em seu movimento como um todo e, ao exercerem sua função como profissionais, possibilitarem aos usuários de seus serviços o real entendimento do significado das ações do profissional junto ao usuário. Não basta que o profissional apenas execute suas ações, deve, através delas, conscientizar os usuários do que realmente elas significam, transferindo assim parte de seu conhecimento a eles e construindo juntos, através de um movimento dialético constante, novos conhecimentos, criando assim as bases necessárias para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Neste texto, a autora encaminha uma reflexão sobre alguns temas considerados fundamentais para a realização de uma prática que denomina de prática reflexiva, ou seja, uma prática articulada aos interesses e necessidades da população que demanda os serviços sociais envolvendo os dois sujeitos: usuários e profissionais.

Vasconcelos indica ainda 12 temas para uma prática reflexiva. São eles:

Tema 1:

A primeira aproximação entre assistente social e população usuária é determinante na direção que se queira dar ao projeto do Serviço Social e a prática profissional e nas consequências desta ação para os usuários. Para isso questões precisam estar claras.

Para o Serviço Social questões como: quem é esse usuário? Qual a demanda que traz. Por que busca o Serviço Social com esta demanda? Com que expectativas traz esta demanda? Que visão traz do Serviço Social. Qual o projeto que o assistente social traz a partir do lugar que ocupa? O usuário aceita e está disponível para a proposta que o Serviço Social lhe faz? O serviço tem condições de atender a sua demanda? Até que ponto?

Para o usuário questões como: qual a proposta que o serviço tem a partir da demanda que é colocada? Quais os recurso que o serviço lhe oferece. Quais são os objetivos do serviço nas propostas que faz. Quais os limites do Serviço Social. Quais seus direitos?

É preciso que ambos tenham conhecimento claro um do outro e de si mesmos e o porque de estarem ali, para juntos desmistificarem o processo pelo qual estão passando e o papel de ambos. Para isso, o profissional, já dotado de conhecimento teórico da situação, não pode dar uma explicação ao usuário com dados prontos já presumidos pelo profissional, e sim possibilitar ao usuário participar na definição da direção e do encaminhamento do processo, tendo como ponto de partida as suas demandas e de outros usuários. E através desse espaço aberto à esses usuários, possibilitar o pensamento crítico, além de entender as limitações

Tema 2:

Priorizar o material comunicado pelos usuários em vez do material que a análise da realidade produz. Isso porque devemos trabalhar em cima do que o usuário se sente a vontade e a necessidade de compartilhar para depois passarmos para indagações mais profundas. Partimos assim das possibilidades dos usuários e vamos criando condições para que elas se desenvolvam através de novas informações vindas tanto do profissional como dos outros usuários articuladas com as já possuídas.

Tema 3:

Devolver aos usuários as indagações feitas por eles ao Assistente Social, possibilitando-o assim se questionar sobre a realidade e articular esse questionamento às informações que já detém, pois se as respostas o forem dadas imediatamente chegam ao usuário como “a verdade”, impedindo-o de articular as informações e chegar a uma conclusão própria, o que o leva, na maioria das vezes, à não absorver a informação que lhe foi dada.

Tema 4:

Repetir o que foi dito para o grupo ou a pessoa ouvir o que disse, possibilitando assim à pessoa perguntar se até que ponto concorda com o que foi dito, pois ouvindo outra pessoa pronunciar uma fala nossa pode nos mostrar um significado até então não percebido.

Tema 5:

Sumarização de diversas situações, questões, levantadas pelo usuário numa entrevista, ou pelos usuários numa reunião, no sentido de encaminhar e facilitar uma análise sobre as mesmas. Pois se forem ouvidas apenas as demandas acompanhadas das reclamações, lamentações e desabafos

...