Harry Potter
prof.andrewiz19 de Marzo de 2012
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INTRODUÇÃO
Apresentamos o seguinte trabalho não com o intuito de revelar a verdade sobre a
Literatura Infanto-Juvenil, mas, sim, para descrever quão grande é o fascínio causado por
meio da leitura, mesmo que seja momentâneo, e lembrar que a Literatura Infanto-Juvenil pode
e deve influenciar na formação do cidadão, seja de forma crítica, social e até mesmo
emocional.
Em face de uma realidade não muito fomentada na leitura, em que pais mal
cursaram o 4º ano primário, famílias para as quais a leitura não é o principal anseio, mas sim
o alimento de cada dia, faz com que a tarefa torne-se concreta e desafiante, que torna-se cada
vez mais urgente uma nova reflexão sobre a Educação e o Ensino, pois é nessa área que os
novos princípios ordenadores da sociedade serão definidos, equacionados e transmitidos a
todos, para que uma nova civilização se construa. Desde os anos 70 e 80, as experiências,
debates e propostas para reformas educacionais vêm se multiplicando de maneira
significativa, principalmente no âmbito da Língua e da Literatura. E com especial cunho
polêmico na área da Literatura Infanto-Juvenil. Tal predominância pode até parecer absurda
aos distraídos que ainda não descobriram que a verdadeira evolução de um povo se faz ao
nível da mente, ao nível de consciência de mundo que cada um vai assimilando desde a
infância. Ou ainda não descobriram que o caminho essencial para se chegar a esse nível é a
palavra, ou melhor, é a Literatura.
É ao livro, à palavra escrita, que atribuímos a maior responsabilidade na
formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens. Apesar de todos os
prognósticos pessimistas acerca do futuro do livro (ou melhor, da Literatura), nesta nossa era
de imagem e comunicação instantânea, a verdade é que a palavra literária escrita está mais
viva do que nunca. E, segundo Paulo Freire em seu livro “A importância do ato de ler”,
parece já fora de qualquer dúvida que nenhuma outra forma de ler o mundo é tão rica e eficaz
quanto a que a Literatura nos permite.
A Literatura Infanto-Juvenil, nosso principal objeto de estudo, é muito complexa
quando partimos para sua conceituação, acreditamos que ela interfere de modo agradável e
diferente em torno de cada indivíduo e que sua leitura, no processo de ensino-aprendizagem,
constitui-se de uma fonte para a abertura da formação de uma nova mentalidade. Constatamos
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sua complexidade ao seguirmos seu percurso histórico, e depararmos com o fato de que, em
suas origens elas surgiram destinadas ao público adulto, e com o tempo, através de um
misterioso processo, se transformaram em literatura para pequenos.
Vulgarmente, a expressão Literatura Infanto- Juvenil remete de imediato à idéia
de belos livros coloridos destinados à distração e ao prazer das crianças em lê-los, folheá-los,
ou ouvir o enredo contado por alguém. Ou, a uma literatura minimizada, adaptada, livre de
dificuldades de linguagem, de digressões ou reflexões que estariam acima da compreensão
infantil. Mas, em essência, sua natureza é a mesma que se destina aos adultos, a diferença está
na singularidade determinada pela natureza de seu leitor/receptor: a criança.
Drummond, diante dessa constatação, sugere questionamentos na tentativa de
descobrir o que existiria originalmente em tais obras, para que este processo de transformação
tenha operado, visto que certas obras passavam a interessar às crianças e outras não. Então,
antes de se conceituarem em Literatura Infantil, os chamados clássicos eram obras da
Literatura Popular (de gente grande), que tinha a intenção de passar determinados valores e
padrões a serem respeitados pela comunidade ou incorporados pelo indivíduo em seu
comportamento, o que dá ao gênero Literatura Infantil existência duvidosa como Drummond
sugere, lembramos também que tal citação será mais uma vez remetida ao presente trabalho
de forma a justificar o porquê de sua presença neste trabalho acadêmico.
Todas essas indagações nos levam, por sua vez, a uma nova indagação: Qual seria
a identidade existente entre a Literatura Popular e a Literatura Infanto- Juvenil para que tal
transformação se tivesse dado no processo de construção dos valores de uma sociedade (ou
ainda se dê) por meio da formação de leitores.
Para tentarmos encontrar os caminhos que levam a esta identidade, dividiremos
este estudo em capítulos. No primeiro trataremos sobre as diversas pontes estabelecidas pela
Literatura Popular e Infanto–Juvenil, relacionando o leitor com o mundo que o cerca e o real
motivo da criação de uma literatura Infanto-Juvenil. No segundo, trabalharemos a Trajetória
da literatura Infanto-Juvenil ao longo das décadas e a atuação da Literatura Popular e Infanto–
Juvenil na construção dos valores de uma sociedade, incluindo seu aspecto lúdico-imaginário,
diante da realidade da globalização, sendo a literatura uma forma de desenvolvimento da
criticidade do leitor. E no terceiro capítulo falaremos, sobre a didática da leitura da Literatura
Infanto-Juvenil.
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Chegamos a estes tópicos de estudo, uma vez que, segundo o estudioso René
Húbert, a identidade da Linguagem infantil e Linguagem de gente grande podem estar na
mentalidade primária de apreender o eu interior ou da realidade exterior (seja o outro, seja o
mundo). O sentimento do eu (pessoa) predomina sobre a percepção do outro (seres ou coisas
do mundo exterior). Fica claro que esta relação homem do povo (mente iletrada) e a criança
(mente imatura) se estabelecem basicamente através da sensibilidade, dos sentidos e das
emoções. O conhecimento da realidade tanto para um quanto para o outro, se dá através do
sensível, do emotivo, da intuição, e não através do racional ou da inteligência intelectiva,
como acontece com a mente adulta e culta (alicerçada em fórmulas, teses e resultados). Em
ambos predomina o pensamento mágico, com sua lógica própria. Daí que o popular e o
infantil se sintam atraídos pelas mesmas realidades.
Dessa forma, toda leitura que, consciente ou inconscientemente, se faça em
sintonia com a essencialidade do texto lido, resultará na formação de determinada consciência
de mundo no espírito do leitor; resultará na representação de determinada realidade ou valores
que tomam corpo em sua mente. Dessa forma, deduz-se que o poder de propagação de idéias,
padrões ou valores que são inerentes ao fenômeno literário. É, portanto, uma relação que se
estabelece entre o eu e o outro (tudo que não seja o próprio eu), que nasce a consciência, e
desta resulta o conhecimento. Como nos afirma o pedagogo e psicólogo francês René Hubert,
1957: “a consciência se descobre como relação entre um objeto e um sujeito claramente
distintos um ao outro, opostos um ao outro e, ao mesmo tempo, unidos um ao outro”.
Nosso trabalho também apresentará alguns anexos com o intuito unicamente de
exemplificação e constatação da real opinião que alguns autores tem sobre a literatura InfantoJuvenil. Seguiram, como anexos, os seguintes textos: “A história da Leitura no Mundo
Ocidental” por Roger Chartier e Guglielmo Cavallo que reforça os princípios históricos do
nosso tema. Já no texto “A liberdade infinita da literatura juvenil” de André Forasteri, temos
a discussão do que realmente seria um livro juvenil, e finalizando, temos uma entrevista de
opinião com Alberto Manguel, autor da obra “Uma história da leitura”, na presente
entrevista temos o diálogo do escritor respondendo sobre leitura.
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I CAPÍTULO
LITERATURA INFANTO-JUVENIL
O presente trabalho e as considerações nele tecidas estão embasadas no livro de
Regina Zilberman e Marisa Lajolo, intitulado Literatura infantil brasileira: história e histórias
(1985), obra de que partimos e a qual nos remetemos neste trecho do trabalho.
A história da Literatura começa a se delinear no início do século XVIII, quando a
criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características
próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação
especial, que a preparasse para a vida adulta. Antes disso, a criança acompanhava a vida
social do adulto, participando também da sua literatura.
As primeiras obras publicadas visando o público infantil apareceram no mercado
na primeira metade do século XVIII. Antes disto, apenas durante o classicismo francês, no
século XVII, foram escritas histórias que vieram a ser englobadas como literatura também
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