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Resenha Predomínio Humano


Enviado por   •  11 de Noviembre de 2014  •  1.977 Palabras (8 Páginas)  •  548 Visitas

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tudo em sua volta só estava ali para o seu benefício. “O predomínio humano tinha, portanto, lugar central no plano divino. O homem era o fim de todas as obras de Deus”.

A ideia de que os animais existiam em função dos homens era tão forte que o comportamento animal era explicado através das necessidades humanas, como por exemplo, os cardumes nadavam até o litoral pois ali o homem teria uma maior chance de pesca-los. Além do mais, essa necessidade humana também impunha onde os animais deveriam habitar: “Foi tendo em mente as necessidades humanas que Deus criteriosamente projetou e distribuiu os animais. Os camelos, observou um pregador em 1696, foram sensatamente colocados na Arábia, onde não havia água, e as bestas selvagens enviadas a desertos, onde podiam causar menos dano.”

De uma forma ou de outra, todo animal existia para cumprir alguma função perante os homens, até mesmo os mais ferozes, que serviam-nos de professores, pois estes estimulavam a coragem do homem e o treinavam para a guerra. Até mesmo o piolho cumpria uma função: ensinar o homem a ser higiênico. Uma teoria dizia que após o juízo final, os animais deixariam de existir pois não existiriam homens na terra, dessa forma os animais ficariam sem ter como cumprir o seu dever.

Além dos animais, os vegetais e minerais também representavam um importante papel para com os seres humanos. Segundo Henry More, o seu único objetivo era estender a vida humana: “Sem a madeira, as casas dos homens não passariam de "uma espécie maior de colmeias ou ninhos, construída de gravetos e palha desprezíveis e de imunda argamassa"; sem os metais, os homens teriam sido privados da "glória e pompa" da batalha, ferida com espadas, armas e trombetas; em vez disso, haveria somente "os uivos e brados de homens pobres e nus espancando-se uns aos outros, com porretes, ou brigando tolamente aos murros".”

Podemos entender que, dessa forma, a teologia da época fornecia as bases para o pensamento a respeito dos animais e justificava o predomínio humano sobre os mesmos. Entretanto, recaia sobre o cristianismo o peso maior atribuído a tais pensamentos. No Oriente, por exemplo, existiam diversas formas de representação dos animais, mas em sua maioria, muito mais favoráveis a eles. Não se empregava um grau de dominância tão grande quanto na Europa cristã. Em suma, o cristianismo prega que todo o mundo se subordina aos objetivos do homem. [E quanto ao desenvolvimento do capitalismo?]

No segundo tópico: A sujeição do mundo natural, o autor descreve de que forma os animais eram utilizados para satisfazer as necessidades humanas. Diz que o Ocidente, por esse período, caracterizava-se pela sua extrema necessidade dos recursos naturais, portanto utilizavam os animais como meio de transporte e auxílio na produção destes recursos, herança do período medieval, que segundo o autor, seria inconcebível sem o uso de bois e cavalos: “Na verdade, já se calculou que o emprego de animais para carga e tração fornecia ao europeu do século XV uma força motriz cinco vezes superior à de seus contemporâneos chineses.”

O autor diz também que em nenhuma parte da Europa se notou um uso tão acentuado de animais como na Inglaterra, não só para cargas, mas também para o consumo. Para Henry Peachman, “Londres come mais carne de vaca e carneiro num mês que toda a Espanha, a Itália e uma parte da França num ano inteiro.”

Além do mais, o domínio sobre os animais podia ser visto com uma espécie de status: o cavalo representava para o período em questões de diferenciador social o que o carro representa para a sociedade atualmente.

No terceiro tópico, a singularidade humana, o autor analisa as diferenciações entre homens e animais, ou seja, o que é que tornava o homem superior e dava a este o direito dominância para com os animais?

Segundo Aristóteles, a alma compreendia três elementos: a alma nutritiva, compartilhada pelos homens e vegetais; a alma sensível, dos homens e animais; e a alma racional ou intelectual, exclusiva do homem. Acreditar, portanto, que os seres humanos eram superiores aos animais pela existência de uma alma racional, colocava-os em algum lugar entre as bestas e os anjos, um pensamento, segundo o autor, reconfortante para as pessoas do período.

Nesse tópico, o autor cita várias ideias do que, na verdade, seriam as principais diferenças ou os principais fatores diferenciadores entre homens e animais. Entre eles, cita as ideias de filósofos antigos: o fato de que os animais olhavam sempre ao chão, enquanto que os homens alcançavam seus olhares para o céu. Essa ideia, originalmente de Platão, foi complementada por Aristóteles: O homem também ri, seu cabelo encanece e somente o homem não pode menear as orelhas. Na idade moderna, os fatores biológicos também influenciavam para diferenciação entre ambos. Segundo um médico do primeiro período Stuart:

O homem é de estrutura muito diferente, em seus intestinos, dos animais vorazes, como os cães, lobos, etc., que preocupados apenas com a barriga, os têm descendo quase diretamente de seu ventrículo ou estômago ao ânus: ao passo que, nesse nobre microcosmo que é o homem, existem nas partes intestinais várias circunvoluções sinuosas, meandros e voltas, por meio das quais, obtendo uma retenção mais longa do alimento, ele é capaz de muito melhor se dedicar a especulações sublimes e a proveitosos serviços tanto na Igreja como no Estado."

Entre outras características físicas, o nariz, uma “saliência pronunciada no meio da face”, e a fala “tão peculiar ao homem que nenhum animal jamais poderia consegui-la” também eram critério de desempate.

Além das características físicas, outros critérios eram levados em conta, como a razão, ou consciência. Alguns diziam que os animais não tinham cérebro, a maioria, no entanto, acreditava que os animais possuíam uma capacidade de entendimento, embora muito menor do que a dos seres humanos: Aristóteles ensinou que tinham alguma inteligência prática, mas lhes faltava capacidade para a deliberação ou a razão especulativa.

A terceira e mais decisiva diferença, entretanto, entre homens e animais era a religião. Os homens contavam não só com a capacidade de desenvolver uma religião,

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