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Hobbes: O Medo E A Esperança


Enviado por   •  8 de Enero de 2015  •  1.816 Palabras (8 Páginas)  •  112 Visitas

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2. THOMAS HOBBES:

A linha central na filosofia hobbesiana é a idéia de que o homem, antes da formação do Estado, vivia em seu estado natural, ou seja, numa condição de guerra generalizada, só passível de ser controlada, através de um contrato, todos os homens abrirem mão de seus direitos naturais para que, com a escolha de um soberano, esse estado de guerra seja controlado.

Esse estado de guerra decorre do fato de que todo homem é opaco diante do seu semelhante – eu não sei o que o outro deseja, e por isso suponho qual será a sua atitude e assim, ele fará o mesmo, o que implica que o mais razoável para ambas as partes é um atacar o outro, seja para vencê-lo ou para evitar um possível ataque. Assim, generaliza-se a guerra. Por isso, se não há um Estado controlando e reprimindo o que parece mais racional para o homem é atacar o próximo.

No estado de natureza, todo homem tem direito a tudo: o direito natural, ou jus naturale, é a liberdade que cada homem tem de usar o seu poder para preservar sua própria natureza, da maneira que quiser, e fazer tudo aquilo que seu julgamento e razão indiquem como meios adequados a esse fim.

Ele diz que os homens são tão iguais que não cabe a nenhum reclamar qualquer benefício a outro que este também não possa reclamar para si. Também são iguais quanto às faculdades de espírito, pois a prudência se adquire com o tempo e com a dedicação naquelas coisas a que se dedicam. Alguns podem se opor a essa idéia simplesmente por acharem, por vaidade, que sua sabedoria se eleva à dos seus comuns. Isso porque vêem sua sabedoria de perto, enquanto a dos outros homens à distância.

Para Hobbes, a melhor forma de garantir a própria vida é a antecipação pela força ou pela astúcia de modo que não encontre nenhum outro poder suficiente para ameaçá-lo. Esse aumento do domínio sobre os homens deve ser por todos admitido, pois é necessário para a conservação de cada um. Ele coloca que o homem não sente prazer da companhia dos outros quando não existe um poder capaz de manter a todos em respeito. Cada homem espera do próximo o mesmo valor e respeito que ele tem de si próprio. Assim, encontramos três causas principais para a discórdia entre os homens: a competição (que o leva a atacar o outro), a desconfiança (que o leva a se defender) e a glória (o que o leva a atacar o outro por ninharias). Enquanto não existe um poder comum capaz de estabelecer o respeito entre todos, o homem vive num estado de disposição para guerra.

Hobbes rebate o conceito de Aristóteles de que o homem é um ser político, afirmando que as pessoas preferem não enxergar essa tensão constante entre os homens, considerando as relações sociais como harmônicas. Ele ilustra isso quando questiona o que se passa na cabeça de um homem quando tranca sua casa ou anda armado, colocando nessas ações o reconhecimento tácito da tensão. Para isso ele pede um exame de consciência, ou seja, que cada qual saiba ler-se a si mesmo e reconhecer em si o que deverá ver no outro para assim identificar o foco do conflito e contê-lo. Aquele que vai governar uma nação deve ler nele mesmo o gênero humano.

O homem para Hobbes não almeja os bens mais do que a honra. Como foi dito, é em ninharias, na busca de glória, que os homens se atacam. O mais importante para eles é ter os sinais de honra, sendo a riqueza mais um meio do que um fim. Assim, o homem vive basicamente da imaginação – da imaginação do que o outro vai fazer, do seu poder, de ser respeitado. Dessa imaginação decorrem os perigos, pois o homem se põe a fantasiar o que é irreal. O estado de natureza é uma condição de guerra porque cada um se considera poderoso, traído, perseguido.

A lei da natureza, que é um preceito estabelecido pela razão, que coloca que a todo homem se proíbe fazer qualquer coisa que possa destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para preservá-la, ou omitir aquilo que pense poder contribuir para melhor preservá-la. O direito implica a liberdade de fazer ou de omitir, enquanto a lei obriga a uma dessas duas coisas.

Assim, todo homem deve esforçar-se pela paz (lei da natureza), na medida em que tenha esperança de consegui-la, e caso não consiga pode procurar e usar todas as ajudas e vantagens da guerra (direito de natureza). Desta, deriva uma segunda lei: que um homem concorde, quando outros também o façam, e na medida em que tal considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu direito a todas as coisas, contentando-se em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo. É através dessa lei que se eliminará o conflito, o estado de guerra. Ainda, é preciso um Estado dotado da espada, armado para forçar os homens ao respeito. Esse pacto sem a espada não passa de palavras, pois essa lei de natureza (fazer ao outro o que queremos que nos façam) vai contra as nossas paixões naturais.

Hobbes coloca que o Estado é a condição de existir da sociedade, e a única forma de instituir tal poder é conferir a um único homem toda a força e poder de modo a reduzir todas as vontades dos homens a

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