ClubEnsayos.com - Ensayos de Calidad, Tareas y Monografias
Buscar

Proposta de análise terminológica de reportagens sobre o uso medicinal da Cannabis: um comparativo entre matérias veiculadas em países onde a planta é legalizada X onde não é.


Enviado por   •  13 de Septiembre de 2018  •  Ensayos  •  2.906 Palabras (12 Páginas)  •  70 Visitas

Página 1 de 12

Proposta de análise terminológica de reportagens sobre o uso medicinal da Cannabis: um comparativo entre matérias veiculadas em países onde a planta é legalizada X onde não é.

Fellype dos Santos Araujo 14/0138749

  1. Introdução

        

1.1 Linguística de Corpus

A possibilidade de tratamento de uma quantidade enorme de textos e de volumes de dados linguísticos foi o pontapé inicial, nos anos 1990, de uma revolução na área de estudos estatísticos e probabilísticos da linguística. Essa área ficou conhecida como Linguística de Corpus (LC). Graças ao grande interesse nesse ramo e sua crescente importância, atualmente a Linguística de Corpus é um campo de pesquisa dominante nas ciências da linguagem (LÉON, 2007).

A LC se dedica à criação e análise de corpora (plural latim de corpus), que consiste em um conjunto de arquivos de textos armazenados em um computador. Essa criação e análise dos dados provenientes da observação da linguagem se dá através de softwares que existem para auxiliar o linguista de corpus no manuseamento de quantidades de dados antes praticamente inacessíveis. No caso desta pesquisa, o programa escolhido foi o WordSmith Tools em sua versão 7.0.

1.2 Terminologia baseada em corpus

A Terminologia é a disciplina linguística responsável pelo estudo científico dos conceitos e dos termos usados nas chamadas línguas de especialidade, que por sua vez se trata da língua utilizada para proporcionar uma comunicação sem ambiguidade numa área determinada do conhecimento com base em um vocabulário e em usos linguísticos específicos desse campo.

As pesquisas terminológicas baseadas em corpus tiveram grande desenvolvimento ao longo das duas últimas décadas devido ao próprio desenvolvimento da Terminologia enquanto disciplina. Além também da consolidação da Linguística de Corpus e do desenvolvimento de ferramentas computacionais voltadas para o tratamento lexical, permitindo então a manipulação de uma grande quantidade de textos (ALMEIDA; CORREIA, 2008).

1.3 Pesquisa em um corpus de reportagens

 

Com base na compilação de um corpus é possível extrair uma lista dos itens lexicais mais frequentes, e a partir disso retirar os candidatos a termos técnicos, os quais são fundamentais para a análise do teor das reportagens.

Embora termos como liberação, descriminalização e despenalização sejam usados frequentemente como sinônimos por jornalistas, essas palavras na prática possuem significados muito distintos e que indicam o quão liberal é a política de drogas de um país (REDE PENSE LIVRE[1], 2015).

Considerando que a cobertura da imprensa sobre a legalização da maconha é parte fundamental nesse momento em que o STF pode descriminalizar o porte de drogas no Brasil, e que a imprensa brasileira se mostra conservadora até mesmo no aspecto medicinal dessa legalização, esse trabalho faz-se importante de forma em que ele mostrará o papel da língua na propagação da informação, que, por vezes, é acompanhada de estigmas sociais e carregada de conservadorismo.

2. Objetivos 

Inspirado pelo documentário Ilegal - A vida não espera[2] e pela criação do glossário sobre política de drogas da Rede Pense Livre, este trabalho consiste, a priori, em fazer uma análise comparativa dos termos técnicos mais veiculados nas reportagens sobre o uso medicinal da Cannabis em jornais de diferentes países.

Para tanto, busca-se compor um corpus básico da pesquisa a partir das matérias selecionadas, examinar os vocábulos usados e escolher os candidatos a termos técnicos. Além disso, objetiva-se investigar os modos de produção de significação e os propósitos comunicativos desses termos.

Diante disso este trabalho se propõe a responder a seguinte pergunta: A linguagem utilizada nas reportagens sobre o uso medicinal da maconha é mais tendenciosa nos países em que a substância não é legalizada?

3. Referencial Teórico

3.1 Contextualização histórica

O uso da maconha para fins medicinais tem uma longa história, e seus primeiros registros datam de 2700 AC, com o imperador da China ShenNeng, que prescrevia chá de Cannabis para o tratamento de gota, reumatismo, malária e até mesmo memória fraca. Na Índia, seitas hindus a usavam em rituais religiosos e para alívio do estresse. Nesse período sua popularidade como remédio se espalhou pela Ásia, Oriente Médio e costa oriental da África.

No ano 70, o médico greco-romano considerado o fundador da farmacologia, Pedânio Dioscórides, publicou sua obra De Materia Medica, a principal fonte de informação sobre drogas medicinais desde o século I até o século XVIII. Dentre as mais de mil substâncias vegetais descritas na obra e organizadas em grupos terapêuticos, a maconha medicinal era indicada como tratamento para dores articulares e inflamações.

Em 1464, no Bagdá, houve um dos primeiros relatos do uso do haxixe, que é a resina extraída do tricoma das flores e inflorescências da Cannabis, para o tratamento de epilepsia. Ibn al-Bradi, um autor árabe medieval, narra como o poeta Ali Ben Makki visitou o filho epiléptico do tesoureiro do Califado de Bagdá e recomendou o haxixe.

Estima-se que entre os séculos XVI e XIX a planta foi trazida ao Brasil por escravos africanos. Muitos deles já conheciam as propriedades da erva para o tratamento de doenças e o fumo recreativo. O hábito escravo de consumo da maconha, mesmo para fins de confraternização social, era tolerado pelos senhores de engenho e só passou a ser reprimido no início do século XIX, nos centros urbanos do sudeste do país.

Foi Napoleão Bonaparte quem criou a primeira lei que proibia a Cannabis, em 1798, quando conquistou o Egito. Ele alegava que, ao consumir o produto, os egípcios ficavam mais violentos.

...

Descargar como (para miembros actualizados)  txt (20.1 Kb)   pdf (216.5 Kb)   docx (25.4 Kb)  
Leer 11 páginas más »
Disponible sólo en Clubensayos.com