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Fichamento Walter Benjamin - Sobre A Linguagem Em Geral E Sobre A Linguagem Dos Homens


Enviado por   •  3 de Febrero de 2015  •  2.261 Palabras (10 Páginas)  •  465 Visitas

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Walter Benjamin inicia seu texto Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem dos homens, nos dizendo que a comunicação pela palavra é apenas uma das formas de comunicação humana, uma vez que todas as nossas manifestações, sejam elas artísticas, técnicas ou na jurisprudência, utilizam-se de uma linguagem na transmissão de conteúdos espirituais. Para ele, “Toda manifestação da vida espiritual humana pode ser concebida como uma espécie de linguagem” (2011, p. 49).

Dessa forma, o autor nos diz que absolutamente tudo que existe possui alguma participação na linguagem e por este motivo ela (a linguagem) não é uma exclusividade do espírito humano, pois tanto os eventos de natureza animada ou inanimada que não sejam humanos, necessitam participar da linguagem para a transmissão dos seus conteúdos espirituais. E, mesmo que tentássemos, não conseguiríamos representar para nós mesmos algo que não tivesse relação alguma com a linguagem, ou seja, algo que não se comunique de alguma maneira.

Benjamin faz uma distinção entre essência linguística e essência espiritual. Para ele, esta distinção é de fundamental importância para quem pretende fazer uma investigação acerca da linguagem. A essência linguística seria uma manifestação da espiritual e esta não se comunica na língua, mas não deve ser entendida como a própria língua.

Walter Benjamin segue sua investigação filosófica indagando “O que comunica a língua?” (2011, p. 52) A resposta para essa questão é dada logo em seguida: “Ela comunica a essência espiritual que lhe corresponde” (2011, p. 52). Para o autor, é preciso mais uma vez diferenciar essência linguística da espiritual. Sendo assim, ele nos diz que a essência espiritual se comunica na e não através da língua. A única semelhança entre estas duas essências encontra-se no fato de ambas serem comunicáveis, uma vez que a essência linguística é o que há de comunicável em uma essência espiritual.

Além disso, a essência linguística é comunicada por uma linguagem e é a manifestação mais clara dela. Sendo assim, respondendo a pergunta “O que comunica a linguagem?” (2011, p. 53), Benjamin responderá: “Toda linguagem comunica-se a si mesma” (2011, p. 53). Uma lâmpada, por exemplo não se comunica a si mesma enquanto lâmpada, mas enquanto objeto comunicável. Por este motivo, podemos dizer que “toda língua se comunica a si mesma” (2011, p. 53), pois somente o que pode ser comunicável em uma essência espiritual, pode ser considerado como sua língua, ou seja, é aquilo no que ela se comunica. A língua seria então o meio da comunicação dos conteúdos espirituais. Que se dá de forma imediata, não podendo abarcar, num único momento, todos os conteúdos que uma língua possui a capacidade para exprimir. Esta imediatidade da comunicação espiritual, “é o problema fundamental da teoria da linguagem” (2011, p. 54). Benjamin diz que este problema originário da linguagem pode ser chamado de mágico, e ao chama-lo desta forma, remetemos a outra característica fundamental da linguagem: seu caráter infinito. Pois não há limite para o que se comunica na língua, nem pode haver uma medida exterior. Há uma medida para a essência linguística, mas não para os conteúdos verbais existentes em uma determinada língua.

Para Walter Benjamin, “a essência linguística do ser humano é a sua língua” (2011, p. 54), uma vez que a linguagem é a essência linguística das coisas, e o homem comunica sua essência na sua língua. Isso ocorre justamente devido ao processo, exclusivo ao homem, de nomear as coisas. Isso não quer dizer, segundo o autor, que não conhecemos uma outra linguagem que não a humana, o que não conhecemos fora do âmbito da linguagem humana, é uma linguagem que, como a nossa, também seja nomeadora. Nesse sentido, Walter Benjamin faz a distinção das linguagens (que dão título ao texto), ou seja, difere a linguagem em geral da linguagem dos homens, uma vez que somente esta última pode nomear as coisas.

Surge disto algumas dúvidas a respeito da linguagem dos homens, “Para que nomear? A quem se comunica o homem?” (2011, p.55), antes de responder a tais questionamentos, o autor nos diz que a linguagem em geral, ou seja, a das coisas fora da esfera humana, se comunicam ao homem, pois apenas dessa maneira é possível a ele nomeá-las, e neste processo ele se comunica.

Para saber como o homem comunica sua essência espiritual, Benjamin faz a distinção de duas concepções acerca de como pode se dar esse processo: Se a comunicação se dá através dos nomes que ele dá às coisas; ou nos nomes. A primeira é, segundo ele, uma “concepção burguesa da linguagem” (2011, p. 55). Nesta, o homem não estaria comunicando a sua essência espiritual, pois para esta concepção o meio de comunicação é a palavra; com uma coisa como objeto e um ser humano como destinatário. Sendo assim, para Benjamin, o homem estaria, nessa concepção, apenas “comunicando alguma coisa a outros homens” (2011, p. 55). Já para a segunda concepção, não há meio, objeto ou destinatário, pois ela afirma que a comunicação no nome, e nele a essência espiritual do homem se comunica a Deus.

Seguindo a segunda concepção mostrada por Benjamin, temos que o nome é, dentro da linguagem humana, o responsável por a língua ser a essência espiritual do homem. E por este motivo, ele é o único ser cuja essência espiritual é plenamente comunicável. Essa diferenciação que existe entre a linguagem dos homens e a linguagem das coisas, faz com que o homem possa se comunicar apenas dentro da língua e não através dela, uma vez que a língua, como dito, é a própria essência espiritual dele. O homem, por ser o único ser na natureza que nomeia, completaria, desta maneira, a ação divina da criação, segundo o autor. Pois a comunicação da natureza só é possível na língua, sendo assim, só é possível graças ao homem, “É somente através da essência linguística das coisas que ele, a partir de si mesmo, alcança o conhecimento delas – no nome.” (2011, p. 56). Por este motivo, o homem aparece no texto bíblico como “Aquele-que-dá-nome”.

A esta altura do texto o Filósofo nos põe uma questão central para o entendimento do tema por ele abordado, a saber: Se se deve definir, à luz de uma teoria da linguagem, toda essência espiritual como linguística, ou seja, não apenas a do homem, mas também a das coisas, isto é, toda essência espiritual em geral. (2011, p. 57) Para ele, desde o começo, a essência espiritual é colocada como comunicável, sendo assim, a essência espiritual das coisas e a essência linguística são a mesma coisa, desde que pensadas como um meio onde a comunicabilidade se torna possível. Este meio, contudo, possui diferentes graus de densidade,

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