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Lengua Y Literatura

Regiane6 de Marzo de 2014

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MATERIAL LITERÁRIO EM AULAS DE E/LE: REFLEXÕES E PERSPECTIVAS

LITERARY MATERIAL IN CLASSES SPANISH: REFLECTIONS AND PERSPECTIVES

Regiane Santos Cabral de Paiva

Resumo: Diante de algumas discussões que nos foram coladas ao longo do nosso estudo sobre a importância que o texto literário (TL) representa para o ensino e aprendizagem de uma língua, nos propomos a apresentar algumas reflexões e perspectivas que o material literário concebe em aulas de língua, especificamente a de língua espanhola, seja voltados para a educação básica, ao ensino superior ou a curso de idiomas. Para tanto, nos apoiaremos em autores como Tenorio e Reysábal (1992), Mendoza Fillola (2002, 2007), Albadejo (2007) e Santos (2007), entre outros, para endossar esta discussão. Ao longo de texto, à medida que vamos delineando as reflexões e sinalizando as perspectivas que o TL traz para o ensino, também acrescentaremos algumas sugestões de uso desse texto em aulas de espanhol.

Palavras-chave: Material Literário; Ensino; Língua espanhola.

Abstract: Considering a few discussions during our study on the importance that the literary text (LT) has for language teaching and learning, we propose to introduce some reflections and perspectives that the literary material receives in classroom, especially in Spanish language classes, in basic education, college teaching or languages courses. In order to do that, we based our research on authors such as Tenorio and Reusával (1992), Mendoza Fillola (2002, 2007), Albadejo (2007), Jouin, K (2008) and Santos (2007), among others. Along the text, as we delineate the reflections and identify the perspectives that the LT brings to teaching, we also provide some suggestions for the use of this tex t for Spanish teaching classes.

Keywords. Literary Material; Teaching; Spanish.

1 Material literário, por quê?

Primeiramente precisamos pensar: com tantos gêneros textuais circulando na nossa sociedade, por que o olhar específico para os textos literários (TL)? Podemos considerar que o uso do TL, além de vincular contribuições de competência literária, amplia a competência linguística do estudante e “em sua leitura, as habilidades e estratégias linguísticas realizam os saberes referentes aos aspectos normativos e pragmáticos” (MENDOZA FILLOLA, 2002, p. 117) . Outra questão significativa, é que o texto literário abre caminhos para usos diferentes da língua, pois não limita o uso padrão como se vê em muitos manuais didáticos, mas sim, permite uma complexa atividade cognitiva de construção de sentido e de atribuição de interpretações, de reconhecimentos de elementos, de formas, de relações. Além disso, como afirma Albadalejo (2007, p. 6) “os textos literários oferecem como input de língua para desenvolver as quatro habilidades linguísticas fundamentais na aquisição de uma língua: compreensão leitora, compreensão auditiva, expressão oral e expressão escrita, dentro de um contexto cultural significativo”. Acreditamos que, por meio de uma seleção de textos literários, é possível aderir a uma ampla mostra de usos na linguagem literária; se recolhem mostras da diversidade expressiva da língua, de modo que, a partir deles, os professores e os aprendizes extraem conhecimentos e aplicações práticas, pragmáticas e funcionais.

Para refletirmos ainda sobre este questão, o estudioso espanhol, Mendoza Fillola (2007), tem desenvolvido trabalhos no sentido de valorizar os materiais literários nas aulas de língua estrangeira, acentuando seus dois constituintes: um funcional (visto, por exemplo, como um expoente cultural, um recurso motivador e estimulante para a compreensão da variedade discursiva, um recurso que apresenta a diversidade sócio-cultural, entre outros); e outro didático, dividido em objetivo geral e objetivo de formação:

Objetivo geral: ampliar as competências, as habilidades e as estratégias comunicativas (compreensão e expressão oral e escrita) do aprendiz.

Objetivo de formação: desenvolver as habilidades que intervém na leitura, de modo que o processo cognitivo de acesso à construção do significado do texto seja em si mesmo um procedimento ativo e significativo de aprendizagem; ampliar os conhecimentos comunicativos sobre a variedade de usos a partir das diversificadas propostas linguísticas (normativas e pragmáticas) que aparecem nos materiais literários; inferir conhecimentos (funcionais, comunicativos…) a partir de situações comunicativas e atos de fala que apareçam nos textos literários; transferir à competência comunicativa os conhecimentos que o aprendiz tenha aprendido e/ou inferido dos materiais literários e usá-los funcionalmente na comunicação cotidiana; obter informação de diversos tipos (cultural, linguística, literária…) segundo se polarize a atenção em uns ou outros aspectos ou conteúdos que auxilie o texto. (MENDOZA FILLOLA, 2007, p. 111)

Ao posto acima, o mesmo estudioso ainda acrescenta que o TL é:

Um documento real para a atividade de aula, um recurso para complementar o desenvolvimento das competências do aprendiz de E/LE; (…); um material didático (valor adicional que assume sobre os próprios que já possui) pelo fato de estar contextualizado no currículo e no quadro das atividades de aquisição/aprendizagem; […] uma concretização discursivo-comunicativa, destinada a ser atualizada pelo leitor aprendiz mediante sua participação cooperativa na construção do significado e na interpretação; uma fonte de input, selecionado segundo os objetivos de formação e a concepção do currículo; um estímulo para suscitar no aprendiz-receptor as reações ou respostas, conforme os fins e atividades de aprendizagem; um recurso motivador e estimulante para a compreensão da variedade discursiva e para o conhecimento da diversidade sociolinguística e pragmática; um expoente cultural, condicionado (em sua criação e em sua recepção), por fatores sociolinguísticos, pragmáticos e estéticos da cultura em que se inscreve. (MENDOZA FILLOLA, 2007, p. 68 e 69)

O texto literário é parte, primeiramente, de uma criação artística de valor estético e compreende una competência literária que ativa diferentes conhecimentos para reconhecer os usos e convenções comunicativas da língua. Como reitera Mendoza Fillola (2002, p. 119) “No discurso literário se aprecia o continuum que compartilham o discurso cotidiano e o discurso poético, sem ruptura entre essas formas de discurso, porque os dois se apoiam nos princípios gerais que regulam o uso e a estrutura dos sentidos” . Outro aspecto relevante do discurso literário é que nele “se mostra o sistema da língua oferecendo sua maior potencialidade expressiva e normativa” (MENDOZA FILLOLLA, 2002, p. 120) .

2 O texto literário em aulas de língua espanhola

Depois do discutido na seção acima, compartilhamos do pressuposto de que o texto literário "registra a evolução da ciência, tecnologia, jurisprudência, política, educação, ética, estética [...]” (TENORIO & REYZÁBAL, 1992, p. 32). Além disso, ainda apontam que esses textos podem relacionar retrocessos e avanços culturias, pois os discursos encontrados neles revelam o mundo. Podemos aguçar uma destas questões, a política e histórica, por exemplo, através do poema España en el corazón do poeta chileno, Pablo Neruda. Nele, o poeta grita os horrores da Guerra Civil espanhola, já que não poderia omitir em seus versos o massacre ocorrido na sua mãe pátria enquanto a visitava:

[…]

Y una mañana todo estaba ardiendo,

y una mañana las hogueras

salían de la tierra

devorando seres,

y desde entonces fuego,

pólvora desde entonces,

y desde entonces sangre.

Bandidos con aviones y con moros,

bandidos con sortijas y duquesas,

bandidos con frailes negros bendiciendo

venían por el cielo a matar

[…] niños,

y por las calles la sangre de los niños

corría simplemente, como sangre de niños.

[…]

Generales

traidores:

mirad mi casa muerta,

mirad España rota.

(NERUDA, 2004, p.119-120)

Ainda tratando de contexto histórico, saindo dos horrores cometidos na guerra civil espanhola, temos a marca da ditadura nos países latino-americanos que nos pode ser revelada por meio da literatura. A exemplo disso, a escritora Isabel Allende assinala para a ditadura chinela em grande parte de sua obra, como é o caso do seu mais recente livro: El caderno de Maya. A partir de algum fragmento que remeta a este período, o professor de língua espanhola pode endossar o aspecto histórico que manchou de sangue os filhos dos nossos países vizinhos e, desta forma, estimular a leitura de outros textos que tratem deste tema e comparar, inclusive, com a ditadura que tivemos no nosso país. Por meio desse material literário, o professor exerce um papel ímpar em sala, porque ele traz a tona uma memória histórica por vezes tão esquecida quando nos limitamos unicamente a tratar de aspectos inerentes a língua estrangeira. Abaixo segue um trecho que pode ser explorado e debatido em sala e, mais que isso, por meio da desenvoltura do professor, o aprendiz pode se sentir motivado a ler toda a obra:

Ayer Manuel me encuentro absorta frente a su computadora leyendo sobre ‘la caravana de la muerte’, una unidad del ejército que en octubre de 1973, un mes después del golpe militar, recorrió Chile de norte a sur asesinando prisioneros políticos.

...

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