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Os Apontamentos De Gramsci


Enviado por   •  18 de Noviembre de 2013  •  1.290 Palabras (6 Páginas)  •  214 Visitas

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O intelectual e militante italiano Antonio Gramsci, sem dúvida alguma, é uma das principais personalidades do cenário europeu de meados do século XX, destacando-se não apenas por sua intensa atividade política, mas também por sua produção escrita. Entretanto, as idéias deste inveterado sardo romperão os limites do velho continente e chegarão com grande força ao continente americano. Desta maneira, pode-se dizer com segurança que o autor de Cadernos do cárcere influenciou tanto a esquerda européia quanto a latino-americana.

Para se ter uma pálida noção do momento no qual foram pensadas as questões levantadas por Gramsci, lembremos que nesta conturbada década de 30 havia uma grande tensão pairando sobre toda a conjuntura mundial. Construía-se nos diversos "porões" nazifascistas os mecanismos de repressão que levariam inevitavelmente ao horror das ditaduras, às guerras e não menos ao controle das massas. Neste contexto, encontramos o militante italiano que havia fundado o Partido Comunista Italiano ( PCI ) prestes a encarar uma grave derrota: as esquadras do Fascio bateriam a precária aliança de socialistas e comunistas italianos no amargo ano de 1921.

As palavras de ordem eram: morte, exílio e cárcere. Pensar, portanto, era extremamente perigoso e prejudicial à saúde. E o "nosso" ativista político em questão não era nem um pouco ocioso no que tange à atividade intelectual. Gramsci era leitor profícuo; mergulhou na filosofia munido de uma sólida formação germânica, lendo desde a obra mestra de Max Weber até a lógica dialética de Hegel, sem contar a contribuição dos culturalistas alemães. No entanto, seu ponto de referência polêmico foi mesmo Croce, de cujas idéias se tornou árduo defensor.

Apoiado neste arcabouço invejável de teorias, Gramsci formularia a sua famosa tipologia dos intelectuais, na qual haveriam duas classes de intelectuais: os orgânicos e os tradicionais. Os primeiros seriam aqueles presos aos estratos dominantes, fornecendo-lhes subsídios ideológicos, ao passo que os segundos estariam ligados às instituições estamentais, não estando diretamente vinculados à produção material. Talvez sua mais bela lição esteja presente em seu "anti-conformismo", marcado por sua frase: " o 'realismo' ou o 'pessimismo da inteligência' não deve minar o 'otimismo da vontade', pois a rigor só a consciênscia sofrida da necessidade pode motivar a ação política libertadora ".

Claro, é sabido que Gramsci pertencia à corrente marxista de seu tempo, mas, embora compartilhasse do marxismo, ele recusava o dogmatismo economicista comum ao marxismo vulgarizado. Conforme salienta seu conterrâneo mais recente, Dominic Strinati, a idéia mecânica de "manipulação" dá lugar ao conceito de "compromisso de equilíbrio" que, grosso modo, pode ser entendido como uma conformação ou negociação de interesses entre os meios de controle de massas e o público dominado que garantiriam a hegemonia, uma espécie de "superestrutura" social que sustenta o modo material de produção da vida. Por apresentar estas perspectivas teóricas particulares, a expressão marxismo nos Cadernos será substiuída pelo termo " filosofia da práxis ".

Gramsci e a literatura popular

No que concerne à literatura popular o texto de Antonio Gramsci é assaz esclarecedor em sua discussão. Deste podemos levantar alguns aspectos chaves que, de um modo ou de outro, permeiam toda a questão: o conceito de popular, a influência da literatura estrangeira e, por fim e conseqüência de tais aspectos, o porquê da popularidade de alguns autores.

Em meio à estas questões temos obviamente a presença marcante do folhetim, afinal o século XIX foi o período áureo deste tipo de literatura, cuja importância está exatamente em ser tão popular. Contudo, ver-se-á que a Itália, conforme ressalta Gramsci, possui algumas idiossincrasias que a distinguem dos outros países europeus mais em evidência dentro deste contexto, a saber, Alemanha, Inglaterra e, sobretudo, França. Por quê a Italia estaria tão dissonante dos demais países citados ? Ora, o problema todo se circunscreve ao próprio idioma italiano e suas raízes culturais, como já observara Gramsci.

Na itália, os termos chaves para a compreensão primária do assunto ao qual nos lançamos - literatura popular - nacional e popular não coincidem, ao contrário

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